sexta-feira, 5 de fevereiro de 2016

O que é o Tempo da Quaresma?

Ilustração de Cristo no deserto
     Chama-se Quaresma os 40 dias anteriores à Ressurreição do Senhor. Neste tempo, todos os fiéis católicos entram em um período de intensa preparação para a maior solenidade da Igreja, a Páscoa de Nosso Senhor Jesus Cristo. A Quaresma tem início na Quarta-feira de Cinzas e termina na manhã da Quinta-feira Santa. Temos como exemplo para viver a Quaresma, o tempo de 40 dias que passou Cristo no deserto, se preparando para seu maior ato de amor por toda a humanidade, sua morte de cruz.
     O tempo total da Quaresma é, na verdade, de 47 dias, entretanto os 7 dias que sobram, são os Domingos, Dia do Senhor. Os Domingos já são dias santos de guarda dedicados ao Senhor, por isso não se contam.
     Os números 4 e 0 constituem para nós, cristãos, um grande significado. Nas Sagradas Escrituras, o número quatro significa o universo material. Os zeros, o número de dias que ficaremos na Terra, como significação de uma passagem muito rápida por aqui. Somos seres criados para vivermos juntos de Deus, com os Anjos e Santos na Glória Eterna, no Céu, mas isso nos foi impossibilitado pela queda no Éden. O tempo de 40 dias é mencionado na Bíblia ao menos três vezes: os 40 dias do Dilúvio, os 40 anos de peregrinação do povo de Israel em busca da Terra Prometida e 40 dias de Moisés e de Elias na montanha, e ainda, dos 40 dias de Jesus no deserto.

Foto
Papa Francisco proferindo sua
homilia e usando paramentos
 roxos. 
      Para muitos teólogos a Quaresma é o "tempo favorável", em que torna-se ainda mais possível a redescoberta e o aprofundamento do autêntico discípulo de Cristo. É um tempo de conversão espiritual, um tempo de total preparação para reconhecer que Cristo morreu por amor, para nos salvar. O Sacramento da Penitência, ou Confissão, toma uma dimensão ainda maior que em outros tempos. Devemos lembrar que "Deus nunca cansa de perdoar; nós é que, por vezes, nos cansamos de pedir perdão" (Papa Francisco).
    Dentro desta conversão somos convidados pela Igreja para viver ardentemente a oração, o jejum e a esmola (ou caridade), através do Evangelho lido na Quarta-feira de Cinzas. 


"O que a oração pede, o jejum alcança e a misericórdia recebe. Oração, misericórdia, jejum: três coisas que são uma só e se vivem reciprocamente" (Pedro Crisólogo, Sec. IV).
(há uma postagem especial sobre os exercícios espirituais da Quaresma: clique aqui!)
Papa Bento XVI em procissão e
 usando paramentos 
 róseos.
 
     A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que significa penitência e conversão às coisas de Cristo. No entanto, no penúltimo domingo da Quaresma, o 4º, também conhecido como Domingo Laetare (do latim, Domingo Feliz), é permitido que se use paramentos róseos. O rosa, ou róseo, é a união da cor roxa com a branca, se o roxo significa penitência e o branco alegria, o róseo quer dizer que ainda estamos em um tempo de penitência e oração, mas este tempo está próximo de acabar para que a Páscoa do Senhor possa ser celebrada.
     Há algumas particularidades neste tempo da Quaresma, uma delas é que se omitem alguns cantos, o "Glória a Deus nas Alturas" e o "Aleluia". Estes dois cantos são os mais alegres na Liturgia, mas neste tempo roxo, estamos vivendo um período de recolhimento. É claro que estamos alegres pelo fato de cada vez mais estarmos perto da Páscoa do Senhor, mas precisamos viver intensamente este momento de interiorização para podermos estar preparados para o grande dia da Ressurreição do Senhor. Para mantermos o clima de sobriedade que a Quaresma exige, devemos fazer o máximo de silêncio na Santa Missa, por isso esses cantos não são cantados. Devemos também deixar de usar os instrumentos para o canto que possuem maior potência de som, bem como não batemos palmas ou acenamos com as mãos, tudo isso para guardarmos toda nossa alegria para o dia da Páscoa.

| Referências:
FERNANDES, Ir. Veronice (PDDM). A Liturgia no Tempo da Quaresma (I). Curitiba, 2009.
FRANCISCO, Papa. Homilia durante a Santa Missa na Igreja Santa Ana. Vaticano, 2013.
 | © Direito de imagen
1ª - autor desconhecido. 
2ª e 3ª - L'Osservatore Romano 

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